sexta-feira, 15 de abril de 2011

Chegou o Mega Drive, o videogame mais poderoso do Universo.


Graças à essa propaganda, milhares de jovens
brasileiros olharam com desdém para seus
consoles Master System, Nes, Atari e todos aqueles outros que existiam nos lares desse país.
Essa foi a primeira propaganda do Mega Drive,
veiculada na revista Veja, no dia 12 de dezembro de 1990, no finalzinho dos anos 1980.

Lembro-me como se fosse hoje. Eu e parte da turma estávamos na casa de um amigo, escutando alguns discos em vinil e jogando Master System quando o pai dele chega do trabalho, nos cumprimenta apressado e joga uma revista Veja no sofá, bem ao meu lado.
Enquanto esperava meu comparsa passar uma fase do Out Run para Master, eu aproveitei para folhear a revista que, como sempre, cheia de assuntos sem graça para um adolescente cuja maior diversão e aventura era passar o dia nos fliperamas esfumaçados e cheios de elementos suspeitos.

Altered Beast. As cenas em sequência da tranformação. O design radical do console.

Confesso que desse instante em diante em que vi a propaganda, passei a olhar com desdém para meu companheiro de aventuras Master System.

Eu e meus amigos continuamos a jogar nossos cartuchos, mas minha mente estava em outro plano, o plano colorido dos 16 bits que eu ainda iria demorar alguns meses para conhecer.
Já não dava para jogar Altered Beast de Master sabendo que havia uma versão praticamente idêntica ao arcade para um videogame caseiro.
Voltei para minha casa e comecei tramar uma maneira de ganhar um Mega Drive. A tática que usei foi uma espécie de  insistência sutil.
Passei a falar sobre o console para minha mãe, sobre toda sua tecnologia (ela me olhava com cara de árvore quando falava em bits). O tempo seguia seu rumo, as notas da escola sempre medianas (culpa dos fliperamas) e o sonho de possuir um console de 16 bits aumentando a cada pensamento.

O Ano de 1991 chegara e logo em janeiro o Rock in Rio II agitando com A-Ha, Guns N' Roses, Faith No More, Santana, entre tantos outros e nada de Mega Drive rodando na minha Philco-Hitachi de 21 polegadas. Só Master e Phantom, com seus gráficos que mais pareciam (depois da revista Veja) fotografias do século 19. Não via a hora de colocá-los para fazer companhia para o Atari, que já estava morando na fria e escura última gaveta do meu armário.


Nessa época dividíamos o tempo ocioso entre os fliperamas do centro (White Ball e Le Coq, os melhores da cidade) e as locadoras. Éramos ratos delas, os donos não nos suportavam, porque passávamos a tarde nelas e raramente alugávamos algo nos dias de semana. 
Quando tínhamos algum dinheiro, jogávamos algum jogo nos consoles que havia para alugar por tempo, mas em geral preferíamos gastar no fliper. O status era outro.

Os meses foram se arrastando, eu continuava a sonhar vendo o Mega Drive apenas nas locadoras quando, no meio do ano...


Já tinha me impressionado com alguns jogos de arcade, com o Super Mario 3, que literalmente me fez mandar o Master System para a gaveta-calabouço por uns tempos, mas nada se comparou quando vi, diante dos meus olhos, o Sonic, ligado num Mega Drive na locadora perto de minha casa.


 Havia chegado a hora de ter uma conversa séria com minha mãe: Ou ela comprava um console pra mim, ou ela comprava um console pra mim.
A negociação não chegou a ser tensa, mas havia condições a cumprir: O Master System que me acompanhara por tempos deveria ser dado para minha irmã mais nova.

Isso não era nada, daria até o Phantom, o Atari, os bonecos do Thundercats ou qualquer outra posse que tivesse, só para ter o prazer de ver aquele porco espinho correndo e dando loopings no meu televisor. Felizmente, só foi preciso dar o 8 bits da Sega e os poucos cartuchos que tinha para minha irmã mais nova para poder finalmente realizar o sonho tão aguardado.

  Acordo firmado, videogame entregue, troca de algumas conveniências, recebo o dinheiro e, num piscar de olhos, me vejo subindo a ladeira da minha rua numa velocidade que faria inveja ao do protagonista do jogo que me hipnotizou.

   Não me lembro do que se sucedeu depois. Apenas posso dizer que voltei com um Mega Drive japonês e um Sonic alugado. O que posso dizer depois disso é a lembrança de estar dizendo seriamente à minha mãe que aquele dia não haveria novela. A televisão seria minha e não haveria acordo nenhum.

Daí pra frente foi uma longa história (que dura até hoje!) de verdadeira paixão por esse que foi o console que marcou uma época.






4 comentários:

  1. Nostalgia total. Minha história em resumo deriva de uma Atari Polyvox com muitas fitas, uns amigos que tinham um Phantom System de fazer inveja e meu Dynavision 3 na sequência.

    Deois de muito tempo com meu clone de NES, convivendo com amigos que tinham clones de NES, jogando NES, locando NES, falando de NES, vivendo com NES, me deparei com Golden Axe rodando em um Mega Drive japonês, o primeiro da cidade que eu morava em Santa Catarina.

    Aquilo foi hercúleo. Foi atomizante. Foi cruelmente emocionante. Lembro-me também de Fantasia com sua dificuldade abismal e de Strider, o primeiro cartucho com 8 megas. E para fechar minha rememoração havia também Gaiares na rodada.

    Após meses de suor frio e noites mal dormidas eu consegui, com muito esforço, vender minhas 20 fitas 60 pinos - somente a nata do NES - na locadora da cidade, que possuía somente fitas 72 pinos e muita gente queria alugar fitinhas pequenas. Cada jogo por $5 dólares somaram $100 dólares na minha mão, e no ano de 1992 (se bem me lembro) consegui comprar o exato mesmo primeiro Mega Drive da cidade diretamente nas mãos da mãe do meu amigo. Eram 3 irmãos que haviam ingressado no mundo dos PCs 386 VGA e não estavam mais dando tanta bola para o porco espinho Sonic.

    Ir para casa com um Mega Drive japonês na caixa, com Strider, Gaiares, Sonic e Golden Axe foi algo inesquecível. Todos sabem que eu curto SNES pra caramba, mas a fase Mega Drive foi o ápice.

    Cheguei a viajar a cidades vizinhas para trocar fitas com pessoas que eu nem sabia se realmente existiam.

    Tudo deu sempre certo.

    ResponderExcluir
  2. Essas histórias pelas quais passamos deveriam ser compiladas em um grande livro, selado a vácuo e guardado para distantes gerações futuras. Cada história contém muita energia, é de se emocionar.

    ResponderExcluir
  3. passei por algo semelhante na época dos consoles de 3ª geração. as cores do master me fizeram ignorar completamente o nes (hj me redimo na coluna redenção nes, no game nostalgia). mas ao ler sua crônica, analiso essa época e percebo como foi brutal e desleal a disputa dos consoles de 3ª geração com o da atual geração, o mega drive.

    realmente, os gráficos e cores oferecidos por esse novo console nos fazia ignorar o que outrora fora motivos de muitas alegrias e formação de amizades, e inimizades tbm rsrs.

    hj em dia não ligamos tanto pra gráficos e cores, e sim diversão. os pixels que ignoramos no passado hj são arte e os valores mudaram. a nostalgia está a toda e veio para ficar.

    ResponderExcluir
  4. Nessa época eu tinha uma amigo que as vezes ele jogava MD no balcão da tendinha do avô dele (ele, se não me engano era o único que tinha um desse)ai o lugar ficava cheio assistindo ele jogar Altered beast, moonwalker e outros. Todos,inclusive eu, ficávamos embabacados. O MD marcou época. Bons tempos.

    ResponderExcluir